terça-feira, 3 de abril de 2012

Falta cor


No fundo do poço com uma corda a muitos metros de distancia. Sem alcance de nada que possa parecer palpável. Nenhuma música encanta. Nenhuma tradução de significados ambíguos satisfaz. A escuridão e uma gota que insiste em um barulho insuportável. A cabeça dói. O corpo reclama. Nem mesmo o cigarro acalma. Nada vislumbra. Entorpecida pela dor. As lágrimas de socorro molham o fundo do poço, formando um singelo lago. Nenhuma beleza. Os conselhos batem e voltam sem nenhum retorno plausível. De que vale tanta vida sem nenhum fôlego? É o brutal ciclo de uma vida jamais vivida. A covardia não permite que os pulsos sangrem. Uma psicodélica e doentia mistura de cores e nuances invisíveis naquele momento. O mundo não para, grita seu intimo. O mundo segue calado e intocável ante a qualquer sofrimento. É a solidão meu caro, a solidão. Uma multidão e nada vendo. Ainda existe resgate na desgraça. Uma meia dúzia de calcinhas fedidas e velhas. Um par de calçados. Uma camiseta rasgada. Um jeans mal lavado. Nenhum sorriso. A maquiagem borrada. Nenhuma razão. As escolhas são elas as culpadas. Quem se importa? Tudo completamente inerte em sua correria cotidiana. Um olá, um talvez, um nada. É vazio. Nada intenso. É só o sangue fervendo nas veias e a distancia jamais alcançada. Lembra o poço? Pois é, ele nunca acaba. É uma existência constante e lúgubre. O sombrio habita aqui, ali, lá e cá. Falta cor, vida, falta cor. Nada vislumbrando é a tentativa constante da corda alcançar. Como se não pudesse desistir continuar. As calcinhas estão na mochila. Nenhum horizonte, mas as pernas fortes pra prosseguir.


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