quarta-feira, 6 de abril de 2011

Gerar é divino!

            Sempre que passo por balanças penso: Sua idiota, você corrompe as pessoas!
            Por diversas vezes quando estou com alguém na rua que me chama para subir em uma, minha resposta é rápida e até um pouco grossa: Não!
            O questionamento vem a seguir: Porque não?
            Minha resposta está pronta e mais uma vez grossa: Não me rendo à ditadura da balança (beleza)!
            Lembro-me que quando eu era mais jovem a primeira coisa que fazia quando via uma balança era ir até ela, rezando como se fosse uma deusa ou santa que pudesse resolver o sério problema que tinha com a comida. Sim, eu era refém da máscara que as pessoas colocam e exigem das outras para serem aceitas em certas situações.
A questão é: Quando enxerguei que eu não precisava disso? Então como um filme me vem à cabeça...
            Eu apaixonada que sou por crianças, sempre ansiei por ter filhos. Modestamente me considero apta para gerar e numa das consultas com o meu ginecologista lhe contei essa minha vontade:
            _Doutor eu quero muito ter filhos e já me sinto na condição tê-los.
            Ele me olhou por alguns segundos, suspirou forte e me disse:
            _Você não tem condições de ter filhos ainda.
            Olhei para ele que estava com todos os meus exames a mão (tinha feito para um outro problema de saúde) sem nenhuma complicação para isso e indaguei:
            _Porque não doutor?
            Mais uma vez ele me olhou, um olhar que para mim pareceu a eternidade e concluiu:
            _Você teria que emagrecer uns dez quilos para engravidar. Você está gorda e claro que a mulher engorda mais durante esse processo e depois você poderá estar uma “coisa” de feia e gorda.
            Eu simplesmente não acreditei no que eu ouvia. Quem era aquele homem a me apontar os dedos dizendo que eu teria que me colocar nos padrões de sei lá quem para engravidar? Mas não consegui responder e sai de lá extremamente triste.
            Sempre pensei que gerar filhos fosse divino e que para isso precisava apenas de saúde, coração puro e boa vontade.
            Minha atitude foi simples, nunca mais voltei nesse médico. Para mim ele estava tirando a grandeza do ato de ser mãe. Quantas mulheres que não tem a menor condição de gerar filhos estão por aí, enquanto suas crianças crescem em orfanatos. Eu não. Apenas queria a oportunidade de dar ao mundo um ser educado, íntegro e valoroso.
            Esse recado é para o senhor doutor...
            Gerar um filho é divino e se tenho saúde posso te garantir que Deus bem me concederá essa honra. Ao senhor deixo minha pena, pois entendo que se deixar levar pela cultura inútil da sociedade é bem mais fácil do que ver a divindade nas coisas que a possuem. E sim, esse foi o motivo pelo qual o senhor nunca mais me viu ou verá.


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