Juliana era uma jovem com sonhos como qualquer outra. Seria como qualquer outra, se não fosse por sua beleza que deixava muitos boquiabertos. Mas Juliana não tinha a real dimensão de toda a sua beleza. Ela passava pelas calçadas da vida sem entender o porquê de tantos olhares pesando sobre si.
Na Verdade Juliana era triste. Dentro de si questionava porque ninguém a amava, porque ninguém a queria. Reservava-se a algo que realmente fosse ser válido e passava pelas calçadas sem entender todos os olhares.
Ela tinha fantasiado em sua cabeça como seria o amor ideal. Sonhava como acontece nos contos de fadas. Queria um príncipe em um cavalo branco, mas não entendia que existiam muitos príncipes a querendo. Juliana se esqueceu de perceber que os tempos eram outros. Que os homens não andavam mais em cavalos brancos dentro de armaduras pesadas. Mas era a única coisa que via em seus sonhos de amor.
Juliana não percebia que todo o dia tinha um olhar que pesava mais do que todos. Rômulo a olhava tão ávido por ser notado quanto ela. Ele queria que Juliana o notasse. Que entendesse que ele não tinha o cavalo branco e nem uma armadura pesada, mas tinha dentro do peito um amor incondicional.
Rômulo ficava na janela sentindo o perfume avassalador que Juliana trazia junto consigo quando passava pela calçada. Seus sentimentos eram intensos. Sua barriga doía, suas mãos ficavam geladas e ela passava se perguntando por que ninguém a amava.
Porque será que ninguém percebia o que era tão óbvio? Rômulo e Juliana tinham que ficar juntos. Aquele amor tinha que ser consumado pelo ardente encontro de suas almas. Mas Juliana passava sonhadora e Rômulo a tudo assistia calado.
Dizem que Juliana se casou, teve filhos, engordou, ficou até um pouco feia e Rômulo como sempre, a observava sem perceber que o tempo tinha passado e ele estava solitário. Como era triste ver que Rômulo sofria com toda aquela estagnação.
Então eis que acontece algo demasiadamente triste. O marido de Juliana morreu e quando ela recebeu a notícia estava bem em frente de Rômulo num dos momentos em que passava pela calçada. Ele parado, ficou a olhar sua princesa chorar, sem saber o que fazer.
Ela, num impulso, corre em direção a ele e o abraça. Rômulo precisava usar aquele momento. Precisava sair da casca. Mas única coisa que Rômulo conseguiu fazer foi ficar parado sentindo o cheiro maravilhoso da sua mulher amada. Rapidamente, o que pareceu para ele uma eternidade, foi apenas alguns minutos. Juliana percebeu o ridículo daquela situação, o soltou e continuou andando.
Rômulo não esquece até hoje aquele momento sublime para ele. Nunca lavou a camisa que usava naquele momento e viveu a sentir o cheiro de sua amada dizendo:
_Ao meu amor esse contato já bastou.