sábado, 31 de dezembro de 2011

Amor próprio

Quando me deparei com o olhar me arrepiei o corpo por inteiro, era denso, intenso, verdadeiro.
Não procurei paixão, razão ou entendimento, apenas sentia o fluxo do meu sangue pelas minhas veias.
Nenhuma palavra precisava ser dita... Nenhuma verdade precisava ser entendida.
Eu sonhei um sonho longo de alguns segundos.
Eu viajei pelas margens mórbidas e avassaladoras do meu coração.
Pensei em possibilidades para meus membros pararem de tremer, mas não existia o que temer.
A profundidade daquele momento envolvia apenas sentir.
Eu em minha profunda melancolia me permiti sonhar aquele instante como se nada mais existisse de importante a minha volta.
Luzes se apagaram, vozes sumiram... Apenas aquela nevoa de sonho existia naquele momento.
Uma lagrima rolou sem que eu pudesse conter ou até mesmo quisesse conter.
Era forte. Muito mais forte do que posso descrever.
Apenas abri os braços em pensamento e deixei a brisa me inebriar.
Quando pude dar por mim estava lá, tão longe que não poderia voltar. Mas eu não queria voltar, queria ficar e continuar.
Meus lábios emudeceram. Meu coração era inteiro, era todo aquele momento. Minha alma se perdia, querendo se perder.
Silêncio. Minha vida por um fio e o gosto do perigo me persuadia e me levava. Meus pés não ousavam parar.
Quando eu pensei em entender vi que era tarde demais e aquilo era o fim.
Quando eu pensei em parar senti que meu corpo não me obedecia mais.
E eu calada, num silêncio doentio me deixei levar.
Por mais que fosse arriscado eu queria estar ali, eu queria sentir ali, me entregar ali.
Foi nesse momento que eu percebi como se estivesse envolta em profundo mistério que aquilo era amor. Descobri que sabia sentir e me permitir e foi nesse exato momento que me vi só e encarei que não existe amor maior do que aquele, que temos por nós mesmo.
Felicidade foi o próximo sentimento que seria extenso demais para continuar a descrever. 

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