terça-feira, 27 de março de 2012

Dose "24horas"


Era torto, intenso, estranho. Nenhuma razão em existir. Duzentas palavras mal ditas. Nenhuma vontade de existir. Madalena, seu nome. Jovem. Drogada. Loucamente perdida. Dava seu sexo em troca de algumas migalhas de pó. Cheirava compulsivamente. Bebia toda bebida que lhe era oferecida. Sem pudor. Saias tão curtas quanto a sua vontade de viver. Como já fora dito. Sua vida por mais uma carreira de pó. Era noite e nada lhe tinha surgido ainda para que conseguisse sua dose “24horas” de pó. A mente entorpecida pela abstinência. O corpo trêmulo. O suor intenso. Náuseas em tormenta total. E Madalena simplesmente estava perdida entre uma ligação e outra. Em busca de que seu vicio se mantivesse. Um choro desesperado. Resolve então sair em busca. Parada na primeira esquina travestida em sua mais curta saia e a mais decotada blusa. Apenas um pensamento ‘preciso cheirar.’ Passa um senhor muito elegante. Em total desespero uma banal sutileza. “Um boquete por um dólar?” “eu não como puta.” “seu viado desgraçado.” Passa um jovem bonito e muito bem arrumado. “um boquete por um dólar.” “Olha se eu tivesse tempo era agora que teria sua boca linda no meu pau.” “Não me faça perder tempo seu idiota de merda.” Um a um e suas opções acabando. Entre um “não como puta” e “não tenho tempo” a sensação de abstinência crescendo. Uma olhada no espelho. A realidade sendo constatada. Nem mesmo a maquiagem escondia seu lamentável semblante diante da louca vontade de manter sua dose “24horas” em dia. Logo percebeu que estava sendo completamente rude e optando apenas por homens que aparentavam ter dinheiro. Um homem simples passa. Essa é a chance! “Um boquete delicioso por um dólar.” O homem para. A olha de cima a baixo. “Claro, onde podemos...” “me siga.” Apressadamente se dirige ao seu apartamento. Não era costume seu levar homens ali, mas a situação era de extrema urgência.  Sobe rapidamente os lances de escada até o terceiro andar. Apartamento 301. Abre a porta. “sente-se ai e fique a vontade.” “Posso cheirar enquanto você me chupa?” “Oh, pode se eu puder cheirar com você.” “Mas é claro.” O homem começa a preparar as carreiras. “Moço, que tal uma trepada completa por vinte dólares?” “Não tem como! Não como puta e estou com pressa. Ande logo.”

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