sexta-feira, 23 de março de 2012

Loucamente a consciência


Perguntaram-me porque vivo assim: intensamente inconstante.
Pensei longamente em uma resposta plausível e cheguei à conclusão de que sendo intensamente inconstante essa resposta poderia mudar a qualquer momento. Mas forcei-me a divagar a respeito.
Chacoalhei o coração, gritei com minha alma, cutuquei o raciocínio e me descobri sem respostas. Resolvi cantar uma música e duvidei de todas as possibilidades, resolvi escrever e só consegui uma letra que escrevi incansavelmente por um longo tempo, tentei em vão uma inspiração. Dormi sono profundo, sonhei duzentos sonhos diferentes e acordei bagunçada. Abri os olhos e me vi em um lugar desconhecido, passei as mãos no rosto, me levantei devagar, espreguicei meu corpo doido da noite intensa, quando consegui de fato perceber onde estava. Arregalei os olhos, uma lágrima escorreu. Eu estava ali, profundamente ali... Estava dentro de mim.
De repente me vi estática, senti medo de qualquer movimento em falso, meu coração estava acelerado e pensei: “Isso sim é intenso!”.
Descobri-me igual a uma casa sem móveis e nesse momento percebi que dormia sobre nada. Preocupei-me, será que isso significava que eu era vazia por dentro? A companhia tocou, me assustei. Procurei a porta de onde vinha o som, olhava pra todos os lados e nada, a companhia toca novamente e nervosa xinguei. Quando enfim consegui encontrar a porta abri com os olhos arregalados. Qual não foi minha surpresa e ainda fatigada pela busca da porta, disse:
_Olá! Quem é você?
_Olá! Sou sua consciência.
Como assim minha consciência tinha forma humana? Pensei: ‘Só posso estar em um bizarro sonho ou em um tremendo pesadelo’. Ela continuou a dizer sem me deixar entender.
_Estranha esse lugar?
_Muito! Onde estou? _Disse completamente perdida.
_Você está no seu coração _Disse-me a consciência de forma serena, como se visitar o coração fosse algo normal. _Te trouxe aqui para uma pequena avaliação e arrumar as coisas.
_Você me trouxe aqui? Como assim? Isso só pode ser uma grande brincadeira. _Disse começando a ficar com medo daquilo tudo.
_Aquieta-te! Esse é o momento certo para que você se conheça melhor, por um tempo longo tenho te observado calada, mas já chega. É chegado o momento de fazer seu coração ser habitado de uma forma diferente. Olhe a sua volta, até hoje tudo foi apenas o vazio e uma casa linda assim não pode ficar vazia. Deixei-te vagar por varias vezes, sem me opor, sem pressa, porém hoje vamos avaliar e arrumar tudo.
Eu não podia acreditar no que meus ouvidos ouviam. Cocei meus olhos de forma bruta e orei para que quando abrisse novamente os olhos nada daquilo existisse. Em vão! Lá estava a consciência. Ela me disse longamente como funcionavam as regras do amor, eu sem reação escutei calada.
Viajei durante toda aquela conversa e de fato não escutei quase nada do que a minha consciência me disse. Como assim regras do amor? Isso iria completamente contra o que sempre achei, pra mim, no amor não existem regras.
Quando enfim ouvi a consciência dizendo:
__... E tudo muda hoje, você vai amar alguém já!
Sai correndo, bati no longo corredor a minha frente e não encontrava saída. Eu não queria amar. Eu não queria ser amada.
Pareceu-me que eu vivi aquela situação por anos, quando de repente de fato acordei. Estava no meu quarto, levantei assustada, fui à cozinha, tomei água, foi ao banheiro e lavei intensamente meu rosto e descobrir que essa era a maior viagem que já havia feito em sonho.



Nenhum comentário:

Postar um comentário