sábado, 7 de janeiro de 2012

Abaixo a futilidade

Eu to cansada de nada mudar no mundo. To cansada das pessoas não mudarem.
Me bate até uma frustração meio ‘azeda’ de ver a mesmice das pessoas.
Tudo tão vazio, tão sem conteúdo, sem forma e sem valor que me bate até uma náusea de visualizar toda essa nojeira em que se encontra o mundo.
Pessoas se apaixonam e quando não dá certo e elas se encontram apaixonadas, parece que o mundo está acabando porque os seus ‘coraçõezinhos’ foram machucados. To cansada de amores e pessoas passionais que medem as outras pelas atitudes loucas de declarações amorosas. To cansada de pessoas serem tratadas como posse: ‘Te amo, logo você é meu!’
As crianças querem aquele computador de não sei quantos reais e quando os pais não dão é motivo pra usar drogas e se sentirem ofendidas por conta da impossibilidade de se igualar socialmente com os amigos.
To cansada de pessoas que se esquecem que é importante dizer ‘por favor’ e ‘obrigado’ e que isso é o mínimo que se exige de educação.
Pessoas se convertem a uma determinada religião e parece que o mundo aqui fora acabou. Agora tem que se preocupar com qual roupa vai ao culto de segunda, ao de quarta e principalmente ao de domingo. Pior ainda, acham que todas as outras pessoas devem seguir e achar sua fé maravilhosa. To cansada de cristão que querem empurrar goela abaixo e de qualquer forma sua opção religiosa ou você não presta.
O papa está preocupado se eu transo com ou sem camisinha e quando isso vai contra ao que ele diz para a rede nacional de televisão, pro o seu pronunciamento contra a minha opção de me prevenir ou não.
Eu to enojada com a futilidade do mundo em pregar fé displicente e sem razão.
Olho a minha volto a vejo minha geração em volta de um ‘combo’ de vodka bebendo, ‘azarando’ e competindo pra ver quem bebe mais ou come a mulher mais gostosa.
Vejo as mulheres mostrando na televisão suas bundas como se fossem mercadoria do ‘ligue agora, são as últimas unidades e o preço é promocional’. Antes pelo menos existia a disputa por quanto ela iria cobrar para fazer fotos artísticas e bonitas que até eu gostava de comprar a revista pra ver.
To cansada de no Natal ser obrigada a ver a missa do Galo na Rede Globo, como eles não percebem que isso está mega démodé? Cansei disso, desde que me entendo por gente é assim. Chega!
To cansada de ver nossos adolescentes abreviando as palavras nos bate papos ou postando algo na internet com o português imbecil e pior, achando lindo. Em plena era do Google ‘Pai dos burros’, as pessoas ainda conseguem escrever errado.
To cansada das pessoas ainda serem machistas ao ponto de julgar uma mulher como vulgar só porque ela fala de sexo livremente.
To cansada dessa super valorização pelo corpo. Se você tem o corpo perfeito você pode ser aceito. Tem que acordar todos os dias às seis horas da manhã e caminhar, ir para a academia, malhar por duzentas horas diárias ou está fadado ao preconceito ‘corpolístico’. Enquanto isso pessoas com um intelecto invejável que não se permite falar bobeiras e são gordinhas estão escondidas ou em grupos isolados.
Tatuagem só pode até onde não é visto, senão não consegue emprego. Eu mesma já sofri esse preconceito. Negros terem cota, eu acho o maior absurdo do universo, eu se fosse negra não aceitaria. Agora minha inteligência se mede pela minha cor? Vá à merda! To cansada do preconceito social, onde quem tem mais no banco é considerado melhor do que quem não tem.
Alias to cansada de preconceito de toda e qualquer forma.
To cansada de ver pessoas maltratando crianças, idosos e animais e saírem impune nessa lei de merda que temos no Brasil.
To cansada da política petista que se vende cada dia mais... Me lembro, como se fosse ontem, que eu mesma fiz campanha para o Lula na primeira candidatura dele e ele, de forma vergonhosa se vendeu à direita sem escrúpulos.
To cansada com o conformismo da minha geração por todas as merdas que acontecem nesse nosso país. Eu sonho em voltar ao movimento dos ‘caras pintadas’. Eu ainda criança vibrava e pintava a cara. Mesmo que hoje vejo que esse movimento foi elitista, pelo menos as pessoas saiam do conforto de suas casas e protestavam de forma civilizada.
To cansada desse nosso futebol ridiculamente medíocre, do passe mais caro do tal jogador. Pouco se ouve falar sobre aquele gol lindo ou um drible maravilhoso de um jogador. Agora a manchete é qual a merda da semana que o cara fez, qual a namorada nova, quanto vale tal jogador ou se o cabelo dele tá na moda. Saudade da copa de 1994(Já começava toda essa idiotice, mas ainda era melhor do que hoje).
To cansada dos artistas na televisão em suas mansões cozinhando um filé em rede nacional, enquanto muitas pessoas assistem sem ter arroz dentro de suas panelas para o dia.
Aliás to cansada da falta de conteúdo em geral da televisão aberta. A globo tem alguns canais fechados que passam coisas muito mais interessantes, mas para aquele que não podem pagar, só o lixo diário do filme ‘A lagoa azul’ na sessão da tarde.
To cansada de falar que amo ler e as pessoas me falarem ‘Que legal! Eu quase não leio’, me olhando como se eu fosse um ‘E. T’ de Marte falando “marciano”. To cansada da futilidade da nossa geração que quer falar Inglês fluentemente porque o mercado de trabalho exige, mas não conhece ‘Rubem Alves’, ‘Pablo Neruda’, ‘Frederick Nietzsche’, dentre tantas outros que são brilhantes em conteúdo. Falar inglês é fácil, tem até programa que ensina cantando,quero ver falar de assuntos gerais.
To cansada das pessoas serem medidas por um diploma. Você é escritora? Sim! Qual curso você fez na faculdade? Nenhum! Logo lá vem o nariz torto pro meu lado. Quero ver sentar e conversar sobre qualquer assunto. Sei muito mais de departamento pessoal do que muita gente que está saindo agora do curso de Ciências Contábeis.
To cansada desse mundo. Quase beiro ao surto por conta disso, porque é muito vazio para quase sete bilhões de habitantes nesse nosso planeta terra.
Eu tenho vinte e seis anos, mas minha cabeça tem cinqüenta em questão de conceitos e não agüento mais ser vista como uma idiota que só gosta de conversar coisas que me acrescentam. Eu quero, quero muito uma juventude melhor, mas embasada, mais culta, mais bonita, com mais valores e menos futilidade.
Abaixo a futilidade! Ops!... Acho que sou quase sozinha, senão sozinha.  

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