quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Não quero falar de nada

Eu quero falar da regra. Não, quero falar de burlar as regras. Exceder os limites. Inovar e não mais parar.
Quero falar do ódio que tenho do amor, por conta do meu pai que não me ensinou qual a real importância dele.
Quero falar da minha moralidade tão questionada por aqueles que se prendem em falsos valores.
Quero falar de minha sexualidade de forma livre, sem ser encara com caras tortas quando digo que beijo mulheres sim! E daí? Ui... Vão me prender porque assumo minha verdade! Não me escondo atrás de falso moralismo.
Quero falar dos meus orgasmos que hoje só aceito múltiplos, e com muito suor antes.
Quero falar dos meus quase dois maços de cigarro diários. Ops, torceu o nariz, foi? Te garanto que isso não diz nada sobre meu caráter. O cigarro é um mero detalhe na minha pessoa.
Quero falar da mesmice das pessoas. Quem foi o imbecil que inventou regras sociais? Etiquetas que padronizam uma meia dúzia que me choca e me entedia com tamanha falta de criatividade.
Quero falar que gosto de cantar, cantar em versos minhas angustias e em palavras compreendidas ou não me encontro sempre com o canto na ponta da língua.
Quero falar da impressão que causo num primeiro momento. Sou pé no chão, não me baseio em sentimentos pra viver e sou extremamente cética... Isso causa medo? Ah sim, eu sei que minhas palavras são duras num primeiro momento, mas se você não tem medo de bater de frente com um tufão, muito prazer!
Quero falar que acho chatas demais demonstrações de afeto em público. A pessoa precisa estar de mãos dadas ou dependuradas no seu ombro somente pra validar a sensação de posse que é implantada na nossa cabeça no berço. Valha-me Deus, foto no perfil das redes sócias de casal, respeito viu, mas particularmente acho uma falta de individualidade que é muito importante. Acha que por isso eu não amo? Sorry, se não considero ninguém propriedade minha e não preciso afirmar que tenho alguém a todo custo. Só o fato de estar num relacionamento sério já me basta. Meu melhor guardo pra quatro paredes, na minha intimidade e pra quem realmente precisa saber. Isso não faz de mim fria, insensível ou sem amor, mas sim, alguém que tem sua individualidade respeitada.
Quero falar da loucura insana do meu ídolo Jim Morrison. Minha inspiração maior. Sem regras, sem pudores, sem anseios e muito mais, sem medo, ele viveu de forma plena aquilo que achava certo e gritou: ‘Dane-se as regras, quero mais que o mundo se exploda!’
Quero falar do preconceito que mora com a imbecilidade de quem o pratica.
Quero falar da corrupção de valores, pois tudo virou ‘bunda’, ‘barriga tanquinho’ e muita ‘cara de pau’.
Quero falar da futilidade da era do ‘vale quem tem mais’.
Quero falar de Bob Marley, que enquanto fumava maconha, falava da união das pessoas, do amor independente de crença. Da forma mais louca ele pregou a paz.
Quero falar da palhaçada da regra que nos faz votar nessa falsa democracia.
Quero falar da nossa ‘nação’ que não existe mais ou no mínimo está escondida atrás das caras estampadas na página política do jornal, que jamais representará meu ideal de civilização.
Quero falar da minha “adoração” a ditadura milita. Que bonito é a política/militar ditando regras e ‘tolindo’ o direito de expressão. A era da grande intolerância que não serviu pra nada.
Quero falar de minha visão socialista que é engolida pelo capitalismo desenfreado da idiotice do ‘Natal’.
Quero falar da igualdade social que Che Guevara desenhou com armas na mão e em plena Sierra Maestra, alfabetizou menores adeptos do sonho da liberdade. Em tempos de guerrilha não se escolhe cor, raça, idade... Mas pode-se mesmo com armas em mão ser alguém melhor.
Quero falar das verdades que ofendem idiotas que perguntam e tem medo da resposta.
Quero falar dessa bobeira das pessoas que querem convencer no tapa que a religião salva e se esconde atrás de Deus em nome de uma bizarra filosofia do ‘faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço’.
Quero falar do meu racionalismo, que choca aqueles que têm medo de olhar do outro lado e dizer que pode estar errado.
Quero falar dos meus questionamentos que são muitos. Existe céu? Existiu Adão e Eva? Viemos do macaco? Será mesmo que o mundo é redondo? O capeta tem mesmo forma? Que mal tem em ser cético? Existe a reencarnação? To no mundo por que, pra que? (...)
Quero falar da minha raiva mortal da mentira, a casa cai e não tem mascará que sustente a falta de verdade.
Quero falar da contradição e do paradoxo da matemática, um mais um pode ser dois ou é onze?
Quero falar da babaquice que a TV aberta faz com a cabeça daqueles que não conseguem abolir uma passadinha pela novela e duas pelo BBB. Poxa, tudo tem limite, até a sacanagem que fazem com a gente.
Quero falar do amor de Deus. Deus? Ah... Isso ai que você acredita como sendo uma força sobrenatural. Não quero falar da loucura insana da religião que prega um amor severo, cheio de regras e pra mim idiota. Quero falar do amor dele que vejo quando olho a natureza.
Quero falar que questiono tudo mesmo! Sem medo de interpretações, não me rendo à falta de coerência e lógica. E definitivamente, não sonhe em mudar isso em mim. Dei meu grito de liberdade e não sou marionete de ninguém.
Quero falar de Frederick Nietzsche, doente, insano, revolucionário e ateu falou de razões que poucos compreendem e talvez nunca compreendam.
Eu quero falar de tanta coisa e não quero falar de nada... Putz acabei foi falando muito. Na verdade é que não posso deixar de destilar meu veneno e dar a minha opinião.
 Eu to cansada de tanta regra, de tanta falsidade, de tanta diplomacia, quando na verdade nenhuma regra é seguida de fato, nenhuma falsidade tem fundamento e todo mundo quer mesmo é quebrar as regras. Ta faltando ousadia, ta faltando anarquia e ninguém enxerga. Todos imantados pelo véu da hipocrisia e revestidos pela contenção da mediocridade.
To assim meio azeda, meio doce... Meio ‘azedoce’!
Sutilmente abrindo meu coração. Sutilmente azedando corações.
 

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