E o sermão segui na igreja:
_Deus tinha um plano montado. Levou tempos para que tudo ficasse pronto. Ele preparou Jesus para a morte, lhe explicou direitinho como seria tudo. Jesus como santo que sempre foi aceitou o sacrifício sem reclamar por amor a todos nós. E tudo a volta estava preparado. Era noite, Jesus estava preparado. Longe de onde ele estava Judas o traia, entregava por moedas de prata a vida do divino. Porem tudo na vida tem um preço. Deus usa de meios que não são para serem entendidos, são para serem aceitos. Jesus foi pego, levado a cruz para remição dos nossos pecados. E Judas a partir daquele momento carrega consigo a dor da traição. Uma dor terrível, tão terrível que não pode suportar e suicidou. Nós ingratos que somos não entendemos todo o plano de Deus. Vivemos nossas vidas sem regras, sem moral. Porem Deus é poderoso e sua ira é eficaz. Toda a ação tem reação e não queiram sentir a mão de Deus pesando sobre suas cabeças...
Aquele sermão seguiu por uma hora. Terminado o culto dois amigos conversavam do lado de fora da igreja.
_ Menino viu que mensagem poderosa? Deus é mesmo magnânimo, nos deu seu único filho por remição dos nossos pecados e não sabemos agradecer.
_ É mesmo? O que vi nesse sermão foi o seguinte. Deus planejou tudo isso e essa atitude inclui que Judas teria que ter essa atitude, ele estava fadado a isso. Para que? Para mostrar que erramos e por isso temos que pagar? Então Deus é sádico? Judas vai e cumpre uma parte do plano divino e é culpado por uma coisa que nem foi escolha dele. Que Deus terrível. Onde está o amor na crucificação? Para mim quando Deus inclui Judas como errado na trama, ele tira todo o amor e sublimação que poderia existir no ato da crucificação.
Para alguns o castigo é algo para expurgar nossas culpas, vem como redenção de almas. Pessoas passam anos amando um ditador que lhes prova até as ultimas conseqüências. Para provar o que? A fé e amor? Outras vivem suas vidas entendendo o real sentido do amor. Quando amamos, isso tem que ser apesar do que somos, do que fazemos ou até mesmo de como pensamos. Amor é amor. Não exige, não pesa, não dói e muito menos castiga.
A Bíblia conta que existia anos antes de cristo um local para confissão dos pecados. Todos os anos os sacerdotes ficavam em tendas e as pessoas viam e confessavam seus pecados e os sacerdotes entravam nesse local e confessava os pecados das pessoas e pedia perdão a elas. Esse local era uma grande tenda dividida em três. Na entrada tinha o lavabo, as pessoas se limpavam antes de entrar na tenda. A segunda parte é chamada de santo, ali todos poderiam entrar, eram feitas orações entre outras coisas. Na terceira e ultima parte era chamada de Santo dos Santos, ali somente os sacerdotes totalmente purificados entravam com uma corda com sinos pendurados e confessava os pecados do povo. Eles entravam balançando para os sinos tocarem e caso eles não estivem de fato purificados, diante da glória de Deus eles eram mortos, os sinos paravam de tocar e as pessoas puxam pela corda. Se não me falha a memória era bem isso mesmo. É muito costumeiro de fanáticos falarem desse fato sem se aperceberem da verdade do mesmo. Partindo do fato de que os relatos acima são verdadeiros, bem como o livro que os relatam analisemos:
1º) Isso acontecia no velho testamento, o que significa pra mim que não tem nenhum valor mais, pois quando Jesus veio e se iniciou o segundo testamento o primeiro foi anulado, ficando apenas como exemplo de boas historias. De uma época de guerra, dores, mortes e muito sofrimento com a falta de um auxilio divino mais diretamente.
2º) No ato da morte de cristo a Bíblia relata o seguinte “ E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam...” (Mateus cap.27 vers. 51). Isso ao meu entender foi que a partir daquele momento todos não precisariam mais se confessar, tendo livre acesso ao santo dos santos. Passávamos do tempo da lei para o tempo da graça.
Como graça, entendo por ser algo que temos apesar de qualquer coisa. Onde cabe um Deus tão cruel então?
Judas fazia parte de um plano alheio e para mim merece mérito na crucificação, pois foi participante na “salvação” da nação. Como passamos do tempo da lei para a graça, acredito que Judas esteja principalmente pelo seu importante papel na “salvação” do povo, em um lugar bem bacana.
Não existem mistérios ou dores em coisas sobrenaturais. Temores muito menos. Respeito sim, esse tudo e todos merecem. Se existir alguma divindade que te cobre sacrifício e negação de si mesmo, então começaremos a admirar toda a atitude de Hitler e todos os ditadores da historia, pois era exatamente isso que eles queriam. Carregavam e carregam fãs eloqüentes e desmedidos e dá em troco o que? O medo!
Em particular prefiro pensar em Deus como um ser que pratica o altruísmo!
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